A adaptação neural é um processo complexo, mas que tem ligação direta com os seus resultados em termos de hipertrofia!
Chega a parecer engraçado, mas se o cérebro não for bem “ativado” durante seu treino, não haverá uma resposta adequada. Quando falamos em usar o cérebro para treinar, não estamos mencionando apenas a inteligência dos métodos e técnicas, mas também, da participação deste órgão na melhora da solicitação muscular. Nosso sistema nervoso central, através de suas extensões, sofre adaptações complexas quando nossos músculos são expostos ao treinamento resistido.
Estas adaptações neurais são muito importantes para que a solicitação de cada exercício vá sendo aprimorada e menos músculos auxiliares sejam solicitados. Sabe como isso pode ser feito? Treinando com qualidade!
Nós temos uma fantástica capacidade de adaptação neural a estímulos motores. Tanto que hoje já sabemos que crianças que recebem estímulos motores adequados, acabam sendo mais inteligentes e aprendem com mais facilidade do que aquelas que são privadas disso.
Com a musculação, esta adaptação neural vai fazer com que mais unidades motoras sejam adicionadas ao movimento. Conforme já mostramos neste artigo (Recrutamento de unidades motoras, como ele afeta seu treino?), quanto mais unidades motoras forem ativadas com qualidade, maiores os resultados de seu treino.
Estas adaptações neurais são muito evidentes em pessoas destreinadas que são submetidas ao treinamento resistido. Nas primeiras semanas, mesmo com um treinamento mais generalista, é possível verificar aumento sensível da estrutura muscular. Além disso, a consciência corporal, que é totalmente influenciada pelas adaptações neurais, também é melhorada nestas primeiras semanas de treino. É a velha máxima de que quanto mais treinada uma pessoa é, menos treinável ela se torna.
Veja agora alguns estudos que mostram o quanto a adaptação neural é importante para a hipertrofia!
Adaptação neural e hipertrofia, veja o que a ciência diz!
Existem diversos estudos que buscam encontrar a importância da adaptação neural para a hipertrofia e principalmente, estudos que buscam mostrar de maneira consistente como ela acontece. De maneira geral, estes estudos são usados em públicos específicos, para buscar entender alguns parâmetros.
Em um estudo de publicado na revista Interventional Med Appl Sci (2012) foram estudados sete homens jovens destreinados, que realizavam o exercício de supino 3 x semana durante o período de 24 semanas. Para este estudo, foram utilizadas cargas de 75% de 1-RM e uma média de 10 repetições. Ao final do período, os músculos tríceps braquial e peitoral maior foram medidos com o ultra-som.
Foi possível concluir que período para que a hipertrofia muscular ocorra é diferente entre os músculos do braço (tríceps braquial) e do tronco (peitoral maior). Isso tem relação direta com o tamanho da área que o músculo ocupa, já que quanto maior, mais unidades motoras e maior adaptação neural se faz necessária.
Em outro estudo, de Ribeiro (2010), 8 indivíduos destreinados foram avaliados. Estes, foram submetidos a 3 sessões semanais de treinamento, com duração de 10 sessões. Foram usados os exercícios de supino reto com barra livre, desenvolvimento de ombros, remada articulada, e puxada alta.
Como este estudo foi feito com base em aumento de força, foi possível verificar que houve um aumento considerável em todos os exercícios no teste de 1 RM. Todos eles apresentaram melhora de pelo menos 15% nas dez sessões.
Quem é um pouco mais observador vai perceber que todos estes estudos são feitos com pessoas destreinadas. Isso tem uma explicação plausível, já que este público apresenta melhores resultados de melhora de adaptação neural. É lógico que pessoas bem treinadas também apresentam resultados consideráveis, com métodos adequados. Porém, neste grupo é um pouco mais complexo de mensurar os resultados.
Veja agora algumas maneiras de melhorar a sua adaptação neural e com isso, obter melhores resultados!
Adaptação neural acentuada para melhorar seus resultados!
De maneira geral, a adaptação neural ocorre para “dar conta” de um determinado estímulo. O cérebro percebe que o corpo não tem capacidade para suportar tais estímulos de maneira segura e acaba melhorando seu controle neuronal.
Isso é muito evidente quando pessoas destreinadas são submetidas a um treino resistido, mas pode ser aproveitado em pessoas bem treinadas também.
Para isso, existem algumas estratégias interessantes. A primeira delas é sempre prezar pela qualidade de suas execuções. E isso não quer dizer apenas manter todas as articulações em sua rota articular correta, mas também possuir equilíbrio entre os músculos antagonistas e manter a flexibilidade para estas execuções. Isso fará com que a adaptação neural seja potencializada, pois o movimento é mais “limpo” e impede a participação de músculos que não devem ser contraídos.
Além disso, é muito importante variar os estímulos, para impor adaptações constante ao corpo. Para isso, podemos mudar métodos de treino, cargas e tudo mais.
Um método em específico, pode ser bastante interessante para esta finalidade, que é o Bi-set.
Como ele usa movimentos diferentes, mas com o mesmo enfoque muscular, ele estimula a utilização de diferentes unidades motoras. Com isso, a adaptação neural é mais intensa.
Outro ponto importante para a melhor adaptação neural é ter um treino bem periodizado, onde as relações entre volume e intensidade sejam respeitadas e você consiga estimular seu corpo da maneira adequada.
Lembre-se que quem comanda tudo é seu sistema nervoso central, sem uma adaptação neural efetiva, não haverá ganhos significativos. Entender isso é fundamental para quem busca resultados de maneira inteligente e sustentáveis.
Independente de qual seja seu objetivo, você precisa de um treino que leve em conta as adaptações neurais, pois elas são a base de qualquer ganho! Bons treinos!
Referências:
Ribeiro, P. R. Q. Influências das adaptações neurais no aumento de força em membros treinados e não treinados. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 2010.